terça-feira, 31 de julho de 2018

Festas de Paranhos em 1958

Na terra de Nossa Senhora da Saúde 


Não há terra portuguesa que não tenha uma capela consagrada a Nossa Senhora. A Virgem aparece sob todas as designações – Senhora da Agonia, Senhora da Boa-Hora, Senhora da Boa-Morte, Senhora da Saúde, e outras. No Porto, nomeadamente na Ribeira, celebravam-se cerimónias religiosas e festivas à Senhora do Ó. Estas festas, meias religiosas, meias pagãs davam conforto e alegria ao povo. 
A igreja de Nossa Senhora da Saúde, em Paranhos, é uma capela de grande devoção. De nome todo o Porto conhece. Celebram-se grandes e majestosas festas. Com o tempo, as festividades decaíram e passou a rezar-se a cantar-se somente. Foi neste sentido que um grupo de bairristas decidiu organizar uma Comissão de forma a recuperar a tradição. Em poucos anos, a festa da Nossa Senhora da Saúde tornaram-se as mais famosas e as mais conhecidas do Distrito do Porto. Esta festa detém o condão de atrair milhares de forasteiros, graças ao diversificado programa da mesma, contribuindo, deste modo, para os bons negócios e progressos da freguesia. Segundo Juliano Ribeiro, Paranhos “é um centro urbano, colocado no coração do Porto, bem servido por todos os meios de locomoção”. O fogo-de-artifício, as mais variadas bandas, a típica feira, as barracas de comes e bebes, as diversões, é um cartaz que ninguém tem tendência a dispensar. No entanto, pode afirmar-se que a fé não se perde. Entre-se na capela e depare-se com todas as pessoas dando graças pelos doentes regressados à vida, as esmolas, as velas acesas, as sanefas de seda. É a fé que está por detrás da realização destes milagres. 
Segundo Juliano Ribeiro, Paranhos dá um bom exemplo ao Porto. Visto que há já outras freguesias que lhe quer seguir os passos como é o caso de Bonfim.  Ainda segundo este autor, “nos dias e noites das festas de Nossa Senhora da Saúde, somos dos que não faltamos”. Acrescenta ainda que “ali há vida, dinamismo, cor, uma procissão maravilhosa pela singeleza – e, velando por todos como Mãe reconhecida, Nossa Senhora da Saúde” .
Postal (impresso nos anos 40 do Séc.XX)
                                            in "Comércio do Porto"



Procissão 1920




segunda-feira, 25 de junho de 2018

Largo do Carvalhido

O Carvalhido deve o seu nome à concentração de soutos de carvalheiras. Não sabemos de que remotos tempos vem este topónimo. Sabemos que era um grande casal (conjunto de propriedades rústicas) foreiro à Misericórdia do Porto, pertencente aos Noronhas, da vizinha Quinta da Prelada, e como tal o encontramos denominado numa carta de demarcação com o vizinho Casal das Vendas, em 1638.

Em 18 de Junho de 1692 a Misericórdia fez Prazo do Carvalhido a D. Garcia Martins de Mesquita e Noronha, como sucessor de seu pai D. Bartolomeu Martins de Mesquita e Noronha e D. Manuel Martins de Mesquita e Noronha.

Data de 1738 a construção do Cruzeiro do Senhor do Padrão
que saúda os viajantes que seguiam pelo caminho para Norte, nomeadamente para Santiago de Compostela. Por seu lado, a capela do Carvalhido é pela primeira vez mencionada em registo paroquial de Santo Ildefonso de 1760. Começou por ter como padroeira Nossa Senhora da Anunciação e o Espírito Santo.



O lugar do Carvalhido surge na "Planta das Linhas do Porto", do coronel Arbués Moreira, de 1833, a propósito das posições de liberais e absolutistas durante o Cerco do Porto. E foi precisamente em honra dos hostes de D. Pedro que a Câmara Municipal do Porto, em sessão de 28 de Outubro de 1835, decretou que a Praça do Carvalhido se passasse a denominar Praça do Exército Libertador.


No inventário que se fez em 1904, por morte de D. Francisco de Noronha e Meneses, da Prelada, foi descrito o Casal do Carvalhido, com sua morada de casas sobradas, palheiro, aido e a Rua da Prelada dos Castelos e rua particular, do nascente com a Rua Nova de Paranhos, sendo avaliado em nove contos de réis. Esta Rua Nova de Paranhos é a actual Rua do Carvalhido.



Lançamento da primeira pedra do Estádio Municipal que se ficou por um complexo arcaico onde ocorreram algumas actividades desportivas, mas que mais tarde foi desmembrado.



O Estádio Municipal situar-se-ia entre a Rua Nova de Paranhos, Rua de Monsanto e Rua de Silva Porto, com campo de futebol e piscina. 


Parada de rapazes do Colégio dos Orfãos na piscina do Carvalhido 1923



Saltos da prancha da piscina do Carvalhido 1923         Salto de José Costa (FCP) na Piscina do Carvalhido


quinta-feira, 31 de maio de 2018

Os Franciscanos Capuchinhos no Amial

Paróquia do Amial

Os Franciscanos Capuchinhos vieram para Portugal por volta do ano 1932 e estabeleceram-se, primeiro em Serpa, depois em Beja, em Barcelos, em Ponte de Lima, e mais tarde em Fafe. Em 1939 pensaram em estabelecer-se na cidade do Porto. Compraram um terreno na Rua António Cândido, perto da igreja da Senhora da Conceição, na zona do Marquês, que se estava a construir. Mas como houve oposição do pároco, renunciaram ao local e perderam o sinal da compra que já fora pago. 
Em troca disto pediram ao ao bispo do Porto que lhes fosse concedida licença para exercerem o ministério na igreja de São José das Taipas, também chamada Capela das Almas, na Cordoaria. O Bispo acedeu a este pedido e deu-lhes de esmola um conto de réis. Foi naquela igreja que os Capuchinhos iniciaram o seu ministério sacerdotal. Os dois sacerdotes que a serviam, viviam numas divisões no rés-do-chão de uma casa situada perto da igreja.

Mais tarde adquiriram a Quinta e a Casa do Tronco, na freguesia de Paranhos, na zona do Amial, junto da Estrada da Circunvalação, que pertencia à família Pinto Leite. Foi comprada no dia 8 de Março de 1941. O preço da aquisição seriam 290 contos, pagos em prestações durante três anos.

A palavra Tronco tem origem num acontecimento antigo, pois era nesta zona que havia um tronco onde se prendiam os cavalos para serem ferrados. Eram estes cavalos que puxavam as carroças e as diligências que se dirigiam de Coimbra para Braga e de Braga para Coimbra, através das antigas estradas ou calçadas. Também se aproveitava esta paragem do Tronco para alimentar e dar de beber aos cavalos. Fazem parte desta zona a Rua do Tronco, a Rua Nova do Tronco e parte da Rua do Amial e da Circunvalação. 
A Quinta do Tronco era um solar com jardins e uma pequena capela dedicada à Imaculada Conceição, cuja imagem do século XVIII ainda se encontra na capela do convento. Nesta Quinta do Tronco, antes da chegada dos Capuchinhos, costumavam fazer retiro muitos sacerdotes da diocese do Porto, visto ser um lugar sossegado, convidativo para o recolhimento e a oração.

Com a compra desta Casa e Quinta do Tronco, os Franciscanos Capuchinhos deixaram a casa de Fafe, onde estavam os seminaristas. No dia 10 de Outubro de 1941 chegaram à casa do Tronco os 22 alunos do Seminário Capuchinho.

Viviam neste convento seis sacerdotes, todos estrangeiros, e dois Irmãos auxiliares. Os sacerdotes eram os professores daqueles seminaristas. Mais tarde vieram também alguns padres capuchinhos brasileiros e outros espanhóis. O culto era celebrado na antiga capela da casa da quinta, mais tarde construíram ao lado um salão para festas, adpatando-o, mais tarde, para capela por ser mais espaçoso que a capela primitiva. 

Em 1952 a capela era já pequena para o número de fiéis e surgiu a vontade de se construir uma Igreja.  Em Agosto de 1954 foi benzida a primeira pedra pelo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, estando presentes as autoridades civis e militares. 
A 7 de Dezembro de 1958 foi solenemente benzida a nova igreja, dedicada à Imaculada Conceição. Presidiu ao acto o referido Bispo do Porto.  


Foi autor do projecto da cripta e da igreja do Amial e o seu principal animador, o senhor Engenheiro Fernando Borges de Avelar. A entrada, numa escadaria em granito, com rampa de ambos os lados coberta em calçada portuguesa, embelezam dando a graciosidade, tornando seguro o acesso das pessoas à Igreja. Com corrimão lateral, existe uma rampa de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

A  imagem da Imaculada Conceição, colocada num nicho por detrás do altar-mor, foi obra do famoso escultor português José Ferreira Thedim. Mede de altura dois metros e quarenta centímetros.
Foi nesta igreja que foi sagrado o primeiro bispo capuchinho português, D. Francisco da Mata Mourisca, que actualmente é bispo da Diocese de Uíje, em Angola. Em 1966 foi inaugurado o novo convento da casa do Tronco a fim de acolher os estudantes capuchinhos de Filosofia e Teologia. Desde 1974 que os Franciscanos Capuchinhos são párocos da paróquia do Amial e esta igreja é, desde 1980, a sede desta paróquia, com o título de Nossa Senhora do Amial. 



Os Franciscanos Capuchinhos do Porto têm-se dedicado à evangelização dos fiéis, à pregação das «Missões Populares», ao apostolado bíblico, ao ministério da Confissão, à catequese das crianças e dos adultos, à assistência dos doentes nos hospitais de Santa Maria e Oncologia, à ajuda das mães solteiras, à reintegração dos toxicodependentes e à assistência dos idosos, para o qual construíram um Centro Paroquial da Terceira Idade.

QUINTA E CASAIS DO TRONCO
(texto retirado,com algumas adptações, do livro de Horácio Marçal)


Planta topográfica da cidade do Porto 1892

Esta extensa propriedade rústica constituía, com esta denominação, um prazo de vidas foreiro ao Cabido da Sé (muitos foros e ou prazos eram concedidos em vida pela Casa Real Portuguesa, como recompensa de serviços à nobreza), com o foro anual de seiscentos réis em dinheiro, dois alqueires de trigo, vinte e nove de pão meada, cinco galinhas; e de lutuosa seiscentos reais em dinheiro e duas galinhas, com o laudemio (o direito ao recebimento do forode 4 para 1 que, pela faculdade que os enfiteutas (arrendatário; aquele que usufrui de um imóvel mediante pagamento de um valor, de um foro, previamente acertado com o proprietáriotinham para subemprazar, fizeram três emprazamentos de terras que ficaram fora da referida Quinta mas que a ela pertenciam,. das quais, no ano de 1777, eram possuidores João da Silva e  sua mulher, José Ferreira de Aguiar e  sua mulher, e Domingos Alves, solteiro.
Neste mesmo ano de 1777, por se acharem extintas, havia já muitos anos, as vidas do prazo por falecimento de Luís Freire de Sousa, última vida que nele foi, passou esta fertilíssima «Quinta» e. casais dela a Francisco Maria de Andrade Corvo de Camões e Neto, fidalgo da Casa Real,  e compunha-se de casas principais sobradadas e telhadas, capela, casas térreas para servidão de caseiros, estrebarias, palheiros, aidos, enxidos (quintal) , cortinha, pomar, jardim com lago, devesas, inúmeros campos, entre eles os denominados do Agueto e da Revolta, bouças, etc. .etc.   Em 1817, o possuidor desta propriedade (o primeiro dono continuava a ser o Cabido da Sé) era o Dr. Jerónimo José Soares e “sua esposa D. Maria Miquelina de São José, da cidade do Porto. Tinha sido renovado o prazo em Jerónimo de .Magalhães aos dezassete dias do mês de Julho de 1668 nas notas do tabelião Cristóvão d'Oliveira, da cidade do Porto, e que o possuía por título de arrematação em hasta pública, por execução de sentença feita a Francisco Maria de Andrade Corvo, arrematação que foi efectuada a 19-8-1800 e que do mesmo prazo pagavam anualmente ao Cabido, pelo S. Miguel, a seguinte renda: 14 alqueires e meio de centeio, 14 alqueires e meio de milhão, 2 alqueires de trigo, 5 galinhas e seiscentos réis em dinheiro e de lutuosa (direito que os donatários recebiam por morte dos seus rendeirosseiscentos réis em dinheiro e 2 galinhas e domínio das compras, vendas ou trocas de 4 para 1 , isto é, a quarta parte do preço por que se fizessem com as mais condições e obrigações constantes do prazo velho (1).

Planta topográfica da cidade do Porto 1892


Uma fracção desta ampla propriedade rural, com boas terras de semeadura e que ainda conserva a antiga designação, de «Quinta do Tronco», pertence, actualmente (1954), a Manuel da Silva Lopes Júnior. Outra fracção, importante também, foi adquirida pela Nova Empresa Industrial de Cortumes, ao Amial; outra ainda é onde está presentemente a chamada «Quinta do Dias» e as restantes foram convertidas em belos prédios de habitação, tanto na Rua do Amial como na Rua Nova do Tronco.

(1) Cartório do Cabido, maço n." 503, pág. 2l7 e segs. 




terça-feira, 29 de maio de 2018

Quem foi S. Veríssimo - Patrono de Paranhos


Santos

Veríssimo, 

Máxima e Júlia, Mártires, 03 de Outubro


Testemunho de uma cristandade, de que pouco se conhece, o culto dos mártires Veríssimo, Máxima e Júlia, surge envolto em nebulosa, que apenas permite com rigor atentar na perenidade de uma memória cultivada em Lisboa, muito embora se estenda por outras zonas, como Coimbra, Braga e Porto. Na Diocese do Porto, têm S. Veríssimo como padroeiro as paróquias de Paranhos, Valbom, Nevolgilde, Lagares (Felgueiras) e São Veríssimo, de Amarante.
Uma das referências mais antigas referentes aos mártires de Lisboa surge no Martyrologium de Usuardo que, em 858, percorre diversas cidades hispânicas em busca de relíquias. Os testemunhos litúrgicos multiplicam-se ao longo dos séculos X e XI, sendo convergentes, ao consignarem o dia 1º de Outubro para memória dos três irmãos. O Padre Miguel de Oliveira sustenta a opinião de que "os santos mártires de Lisboa já estavam inscritos nos calendários uns 200 anos depois do seu martírio". Devoção guardada no seio da comunidade moçárabe, o seu eco chega a Osberno, que, na relação da conquista de Lisboa, nos dá conta das ruínas do santuário que lhes estava devotado.
O percurso da vida destes mártires, impossível de averiguar com rigor, aparece descrito num códice quatrocentista da Biblioteca Pública de Évora, (cód. CV/1-23d). Segundo a "Legenda", os irmãos lisboneses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Dioclesiano (imperador romano de 284 a 305 d. C.), apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, confessando a fé cristã. Tentou ele dissuadi-los, com promessas e ameaças e, como nada conseguisse, mandou-os prender. Vitoriosos da prova do cárcere, aplicou-lhes o juiz vários tormentos: açoites, ecúleo, unhas de ferro, lâminas em brasa. Como ainda resistissem, mandou arrastá-los pelas ruas da cidade e, por fim, degolar. Assim alcançaram a palma do martírio a 1º de Outubro de 303 ou 304.
Não contente com o que lhes fizera em vida, perseguiu-os o juiz depois de mortos, ordenando que os cadáveres ficassem insepultos, para servirem de pasto aos cães e às aves. Como as feras os respeitassem, mandou então que os lançassem ao mar com pesadas pedras. Ainda os barqueiros não tinham regressado à praia e já os santos despojos lá se encontravam. Recolheram-nos piedosamente os cristãos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu uma Igreja que ainda por memória se chama "dos santos".
Em 1529, a comendadeira D. Ana de Mendonça, mandou colocar as relíquias em cofre de prata, ao lado direito do altar mor, com o epitáfio seguinte: "Sepultura dos santtos martyres S. Verissimo, Santa Maxima & Iulia, filhos de hum senador de Roma, vindos a esta cidade a receber martírio, por revelação do Anjo. Iazem nesta sepultura os seos santos corpos, os quaes há 1350 annos que padecerão & forão trasladados a esta casa onde jazem".
Quanto à naturalidade, nada se costuma afirmar com certeza. Só em época muito recente os hagiólogos os fizeram filhos de um senador romano e os imaginaram em Roma, em colóquio com um anjo que os mandou a Lisboa para confessarem a fé. Esta lenda refletiu-se na iconografia: os três mártires são apresentados em traje e hábito de romeiros, com bordões compridos nas mãos, como pode ver-se num belo conjunto de três imagens, do Século XVII, expostas ao culto na Igreja do extinto Mosteiro de Santos-o-Novo, em Lisboa, que guarda as relíquias dos mártires.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=75779&language=PT&img=&sz=full

sábado, 21 de abril de 2018

Plano Director Municipal em Paranhos

Plano Director Municipal em Paranhos (Primeira Parte)

O Plano Director Municipal do Porto, em vigor, estabelece as regras e orientações a que devem obedecer a ocupação, o uso e a transformação do solo para o território do concelho do Porto.

Artigo 45.º

Imóveis de interesse patrimonial

1 - Os imóveis de interesse patrimonial, identificados na planta de ordenamento - carta do património e no anexo I deste Regulamento, correspondem a imóveis que, pelo seu interesse histórico, arquitectónico ou ambiental, devem ser alvo de medidas de protecção e valorização.
2 - Sempre que a tipologia arquitectónica o permita, admitem-se obras de alteração e ampliação, desde que devidamente justificadas e que não desvirtuem as características arquitectónicas e volumétricas do existente, devendo a operação colher parecer prévio dos serviços competentes.
3 - A demolição total ou parcial de imóveis de interesse patrimonial é sujeita a parecer prévio dos serviços competentes e só é permitida por razões que ponham em causa a segurança de pessoas e bens, de salubridade e higiene e, ainda, nos casos em que a mesma tenha como objectivo a qualificação arquitectónica ou urbanística.

Rua do Campo Lindo

  •  Bloco Plurifamiliar-................................................ R. do Campo Lindo, 325 a 357
  •  Moradia (Centro R. da Segurança Social) e Jardim-..R. do Campo Lindo, 234 
  •  Moradia e Jardim - ................................................R. do Campo Lindo, 107 -137 
  •  Edifício de habitação Plurifamiliar-...........................R. do Campo Lindo, 235 -237 
Rua de António Cândido
  • Moradia .........................António Cândido (R. de), 154 -162. 
  • Moradia .........................António Cândido (R. de), 186 -194. 
  • Moradia e Jardim............António Cândido (R. de), 189. 
  • Moradia .........................António Cândido (R. de), 215. 
  • Moradia e Jardim............António Cândido (R. de), 249 -277. 
  • Ed.de Hab. Plurifamiliar . António Cândido (R. de), 262 -272. 
  • Moradia ......................... António Cândido (R. de), 278. 
Rua Honório Lima
  • Moradia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Honório de Lima (R. de), 91. 
  • Duas Moradias Geminadas . . .  Honório de Lima (R. de), 131 -147. 
  • Moradia (Chalet) . . . . . . . . . . .  Honório de Lima (R. de), 150. 
  • Bloco Plurifamiliar. . . . . . . . . . . Honório de Lima (R. de), 88 -104. 
  • Três Moradias Geminadas . . . . Honório de Lima (R. de), 60 -84. 
Rua do Amial
  • Bairro (Companhia de Seguros Garantia). .     . . . Amial (R. do), 1023 -1061
  • Casa na Rua do Amial; Casa Joaquim Costa .. .   . Amial (R. do), 928 -942
  • Conjunto de quatro Moradias Geminadas . .... . . Amial (R. do), 844 -850.
  • Nova Empresa Industrial de Curtumes (Amial). ...Amial (R. do), 831.
  • Moradia (Colégio Luso -Francês). .. ..................... Amial (R. do), 442

Rua Delfim Maia
  • Moradia .. . . . .............. Delfim Maia (R. de), 304. 
  • Moradias Geminadas ..  Delfim Maia (R. de), 290. 
  • Moradia e Jardim . ..      . Delfim Maia (R. de), 267.
Rua de Costa Cabral
  • Cinema Júlio Diniz .. ............................................... . Costa Cabral (R. de), 323 -335
  • Palacete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . . Costa Cabral (R. de), 645
  • Bloco de Costa Cabral . . . .. . .. . ................. ........ . . Costa Cabral (R. de), 744 -750 -760
  • Moradia . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . ........ . . Costa Cabral (R. de), 797 -799.
  • Edifício de Habitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . Costa Cabral (R. de), 847
  • Hospital do Conde de Ferreira . . . . . . . . . . . ......... . . . . Costa Cabral (R. de), 1659
  • Bloco Plurifamiliar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . . . Costa Cabral (R. de), 1694.
  • Moradia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .......... . Costa Cabral (R. de), 1791.
  • Bloco Habitacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... Costa Cabral (R. de), 1799.
  • Bairro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Costa Cabral (R. de), 2037 -2045.
  • Habitação Uni familiar “Casa da Eva” . . . . . . . . . . . . . . . .Costa Cabral (R. de), 2140 -2136
  • Antigo Posto Alfandegário da Circunvalação (Areosa).. Costa Cabral (R. de), 2865 -2777

Rua S. Dinis
  • Bloco Plurifamiliar. .. . . . . S. Dinis (R. de), 559
  • Cinema Vale Formoso .. . S. Dinis (R. de), 896
Av. dos Combatentes da G. Guerra
  • Edifício de Habitação e Comercio....... Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 685 -701. 
  • Moradia............................................ Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 485. 
  • Moradia.............................................Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 415 -445. 
  • Edifício de Habitação Plurifamiliar .....Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 301 -309. 
  • Moradia.............................................Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 243 -253. 
  • Edifício de Habitação..........................Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 386. 
  • Moradias Geminadas..........................Combatentes da G. Guerra (Av. dos), 418 -444. 
Rua Nove de Abril
  • Moradia......................................................................................Nove de Abril (P. de), 307. 
  • Moradia (Universidade Fernando Pessoa) e Jardim......................Nove de Abril (P. de), 349. 
  • Moradia e Jardim (Ordem dos Médicos — Secção Reg. do Norte). Nove de Abril (P. de), 260. 
Rua Lima Júnior
  • Edifício de Habitação.. . . . Lima Júnior (R. de), 3. 
  • Moradias Geminadas . . . Lima Júnior (R. de), 62 -64. 
Rua Faria Guimarães
  • Moradias Geminadas ........Faria Guimarães (R. de), 830 -842. 
  • Moradias geminadas .........Faria Guimarães (R. de), 892 -908. 
Rua Pedro Ivo
  • Bloco Plurifamiliar.......... Pedro Ivo (R. de), 124. 
  • Moradia .........................Pedro Ivo (R. de), s/. n.º 
  • Moradias Geminadas.......Pedro Ivo (R. de), 45 -51 -57 -59 -71 -73 -85 -95 -97. 
Rua Dr. Joaquim Pires de Lima

  • Bloco Plurifamiliar. . . . . . . . . . . . . . . . Dr. Joaquim Pires de Lima (R. do), 460. 
  • P55 Moradia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Dr. Joaquim Pires de Lima (R. do), s/. n.º 
Rua da Cruz
  • Edifícios de Habitação e Jardim . . . . . . Cruz (R. da), 1216 -1220.
  • Moradia e Jardim . . . .. . . . . . . . . . .......Cruz (R. da), 290


Estrada da Circunvalação
  • Fábrica da Areosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Circunvalação (Est. da), s/. n.º 
  • Barreiras da Linha de Fiscalização do Estado . . . . . . . . . . . . . . . Circunvalação (Est. da).
Rua Dr. Adriano Paiva
  • Bloco Plurifamiliar.. .................. Dr. Adriano de Paiva (R. do), 265 -269. 
  • Escola Primária do Covelo. .. . . . Dr. Adriano de Paiva (R. do), s/. n.º 
Rua de Pereira Reis
  • Edifício da Rua de Pereira Reis . . . . . .. . . . Pereira Reis (R. de), 278
  • Edifício de Habitação e Comércio . . . . . . .  Pereira Reis (R. de), 53 -57 -63 -69 -73. 

Vários
  • Faculdade de Economia do Porto...................................Dr. Roberto Frias (R. do), s/. n.º
  • Sub-estação Amial/Antiga Companhia Eléc. do Varoza... S. Tomé (R. de), s/. n.º 
  • Bairro de Moradias Geminadas ......................................Ribeira Grande (R. da)
  • Quinta do Covelo...........................................................Bolama (R. de), s/. n.º 
  • Conjunto de quatro Moradias Geminadas ......................Areosa (R. da), 87 -109 
  • Casa Aristides Ribeiro ....................................................Vitorino Damásio (R. de), 120
  • Antiga Fábrica de Sedas (fachada)...................................Monte dos Burgos (R. do), 482 -492. 
  • Casa Rural ......................................................................Nova do Tronco (R.), 373 -375. 
  • Igreja Paroquial de São Veríssimo de Paranhos............... Igreja de Paranhos (L. da), s/. n.º 
  • Vila Amélia ....................................................................Ribeiro de Sousa (R. de), 365 -401. 
  • Moradia ......................................................................... Antero de Quental (R. de), 582 -728. 
  • Bloco Plurifamiliar.......................................................... Diogo Cão (R. de), 1239 -1251. 
  • Edifício de Habitação Plurifamiliar ................................. Augusto Lessa (R. de), 51 -77. 
  • Bloco de Quatro Moradias.............................................. Artur de Paiva (R. de), 2 -30. 
  • Moradia..........................................................................Dr. Júlio de Matos (R. do), 264. 
  • Antigo Hospital Rodrigues Semide...................................Diamantina (R.), s/. n.º 
  • Moradia......................................................................... Fernão de Magalhães (Av. de), 2501. 
  • Solar de Lamas .............................................................. Dr.Manuel Pereira da Silva (R.do), 696.
  • Colónia Manuel Laranjeira. . . Augusto Lessa (R. de), Colónia Manuel Laranjeira (R. Nascente da), Colónia Manuel Laranjeira (R. Poente da). 
  • Faculdade de Economia do Porto ...................................Dr. Roberto Frias (R. do), s/. n.º  



Artigo 46.º
Áreas de potencial valor arqueológico
 ....
d) Zonas de potencial arqueológico (ZOPA), compreendendo áreas não incluídas nas alíneas anteriores e definidas com base em referências documentais, toponímicas ou eventuais achados, cuja localização precisa se desconhece, e ainda todas as igrejas não classificadas e de construção anterior ao século XIX, com um perímetro envolvente de 50 m

  • Igreja de S. Veríssimo de Paranhos . . . . . . . . . . . . . ZOPA
  • Colina do Bom Pastor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZOPA
  • Quinta do Covelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . ZOPA
  • Lugar do Regado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZOPA
  • Lugar de Campo Lindo . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . ZOPA
  • Lugar de Paranhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZOPA
  • Lugar de Lamas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZOPA



Em relação ao Lugar do Regado e Areosa, entendido como uma unidade operativa de planeamento e gestão (UOPG) inserido numa área de urbanização especial (Secção VI - Artº 29 do PDM), o Artº 88 aponta como objectivo;

UOPG 7 - Regado

a) Objectivos. - Esta área deve ser reestruturada tendo em consideração o novo nó do Regado e a sua articulação com os tecidos urbanos envolventes.
Deve ser prevista a integração e renaturalização da ribeira de Arca de Água, que se encontra canalizada em terrenos expectantes zonados como área de urbanização especial.

b) Parâmetros urbanísticos:
b1) Esta área deve ser ocupada com habitação, comércio, serviços e equipamentos, para além de áreas verdes de enquadramento do nó;
b2) Deve ser salvaguardado o núcleo histórico existente;
b3) Deve ser assegurada a via proposta no Plano que se desenvolve entre a rotunda de saída da VCI e a futura alameda da Prelada a poente e a Praça de 9 de Abril a nascente;
b4) O índice bruto de construção por unidade de execução é de 0,6.

c) Forma de execução. - Esta área deve ser sujeita a duas unidades de execução por cooperação, correspondendo aos quadrantes sudeste e sudoeste em relação ao nó do Regado, admitindo-se, eventualmente, a fusão destas duas unidades numa só, e ainda a elaboração de um plano de pormenor para a totalidade da área.

UOPG 14 - Areosa

a) Objectivos. - Pretende-se estruturar uma área de expansão, integrando um equipamento desportivo e as áreas verdes de enquadramento do nó da A 3 com a Circunvalação.

b) Parâmetros urbanísticos:
b1) A ocupação deve ser dominantemente habitacional, podendo ainda contemplar a inclusão de outros usos desde que compatíveis com a função habitacional;
b2) Deverão ser disponibilizadas as áreas a afectar a espaços verdes públicos e equipamentos definidos no PDMP, garantindo a preservação da zona com sobreiros;
b3) Devem ser asseguradas as ligações viárias à envolvente, nomeadamente as classificadas como arruamentos estruturantes locais principais na planta de ordenamento - hierarquia da rede rodoviária.

c) Forma de execução. - Esta UOPG deve ser concretizada através de unidades de execução ou plano de pormenor para a totalidade da área.


terça-feira, 17 de abril de 2018

A IMPORTÂNCIA DE PARANHOS NO CERCO DO PORTO

(transcrição, na íntegra, das páginas alusivas à nossa Freguesia)


Tomada da posição, e Forte do Covello pelos Liberais em 9 d'Abril — Defeza do mesmo no dia 10.
As duas posições havia occupadas pelo inimigo, entre as linhas Miguelistas e Liberaes, que em verdade eram muito prejudiciaes aos sitiados, e protegiam qualquer tentativa do inimigo sobre as linhas de defeza da Cidade; isto mesmo foi lembrado em tempo; mas S. M. I., que então só contava com o pequeno Exercito desembarcado nas praias do Midêlo, limitou-se a mandar construir as linhas em circulo mais proximo á Cidade, equivalente ás poucas forças que tinha para as guarnecer, abandonando não só aquellas, mas outras muitas; porém quando conheceu a boa vontade dos habitantes, promptos a fazer todos os sacrificios pela causa da Rainha; quando vio que todos os homens sem excepção de idade, ou condição, correram a alistar-se nas bandeiras da Liberdade ; e finalmente tendo sido testemunha de que, aquelles novos Soldados tendo-se batido em campo como tropas aguerridas, não duvidou, não só estender as linhas de defeza, como em desapossar o inimigo das posições, que occupava em grave, prejuízo das operações dos Liberaes.   
Senhores, os Liberaes, das posições de Lordello, Pinhal, Pasteleiro, Luz, e Antas, restava-lhe a do Cowello; esta posição que dominava toda a linha dos Liberaes, desde a Agua-ardente até ao Serio, supposto que ao alcance das baterias do Monte Pedral, S. Braz, e Quinta dos Congregados, com tudo ella - não só podia proteger qualquer tentativa do inimigo pela garganta do Lindo Valle; mas estando em poder dos Liberaes, podiam estes causar muito damno no acampamento, e linhas do inimigo, construidas nas planícies de Paranhos. A altura do Covello estava occupada por uma força Miguelina, composta dos Regimentos n.° 12, e 13 de Infanteria, um de Milicias, e um Batalhão de Voluntarios Realengos: o inimigo depois da derrota que sofreu no dia 24 de Março, ficou em expecta ção, e só passados 15 dias appareceu, tentando fortificar aquella altura, de uma maneira impenetrave[: então S. M. I. o enou que, as tropas Liberaes de salojando o inimigo, occupassem aquella posição. Na tarde do dia 9 d'Abril, uma força de 600 homens, commandados pelo Coronel Pacheco, com posta de Caçadores n.° 12, e de Infanteria n.° 3, 9, e 10, dividida em duas columnas; a 1.° composta dos n.° 9, e 12 de Caçadores, achava-se formada na Cruz da Regateira, e a 2.° composta dos n.° 3, e 10, es tava formada na estrada do Serio; eram seis horas da tarde, S. M. 1., que na forma do seu costume, se achava presente, mandou que o inimigo fosse atacado; então o Coronel Pacheco fez avançar a passo accelerado a 1.° columna; dirigindo-se o 12 de Caçadores sobre a esquerda do alto do Covello, e o 9.° de Infanteria sobre a casa da Nora, aonde estava collocado um forte piquete do inimigo: ao mesmo tempo a 2.° columna se pôz em movimento, avançando parte do 10.° de Infanteria sobre a direita da mesma altura, e o 3.° de Infanteria sobre o monte da Secca, e o resto do 10.° marchava em reserva ao ataque da frente. 
A boa ordem, celeridade, e valentia com que a tropa Liberal de repente cahio sobre o inimigo, que não esperava similhante, e atrevido ataque áquella hora, se deveu o ficarem os Liberaes em poucos minutos senhores do monte do Covello, que as tropas do usurpador vergonhosamente abandonaram, deixando alli todo o material, com que tentavam completar as fortificações já começadas; estas foram immediatamente destruidas, e os materiaes empregados na construcção do reducto, contra a parte opposta; cuja obra n'essa mesma noite ficou adiantada, pela direcção e assiduo trabalho do Coronel de Artilheria, Costa, e pelo auxilio que voluntariamente prestaram os Voluntarios Provisorios de Santa Catharina.

Ao mesmo tempo que as columnas avançavam ao Covello, foi o inimigo chamado á attenção na esquerda, e direita, por um tiroteio em que foram engajados os Voluntarios da Rainha, e Caçadores n.° 5, que fizeram o seu dever. O inimigo, durante a noite, tentou retomar a posição, que havia perdido, dirigindo um ataque sobre o monte da Secca; (immediato ao Covello) este ponto achava-se defendido por um destacamento do Regimento n.° 3, o qual sendo reforçado por uma companhia da Brigada Real da Marinha, valorosa mente sustentaram a posição, e pozeram o inimigo, em completa debandada. - •
Pelas 4 horas da manhãa do dia 10, tendo cessado o tiroteio da parte do inimigo, as tropas Liberaes se retiraram a descanço, ficando o reducto do Covello guarnecido por 3 companhias do n.° 10, e por mais 100 homens de Caçadores n.° 12, e de Infanteria n.º 9, que ficaram occupando as casas de molidas sobre a direita do mesmo monte.
O inimigo, pelas cinco horas da manhãa, augmentando a sua força com os Regimentos n.º 7, 19, e 22, tentou novamente retomar as posições, quatro vezes avançou, e outras tantas foi vigorosamente repellido pela pequena força, que se achava no reducto, e immediações: em quanto o inimigo dirigia aquelle ataque sobre o Covello, uma força que tinha sobre Paranhos, marchava em direcção ao monte da Secca; este foi logo occupado por duas companhias do Regimento da Brigada Real da Marinha, º que sustentando a posição que lhe foi confiada, repellio o inimigo em força muito superior, e á ponta da bayoneta o fez fugir na maior precipitação, e desordem, deixando em poder dos Liberaes 27 prisioneiros. Quatro companhias do Regimento da Rainha, tendo tomado posição na estrada da Aguardente, para servir de reserva; uma dellas avançou para supportar o posto occupado á direita do Covello, quando uma força inimiga appareceu na estrada da Cruz da Regateira, ameaçando um novo ataque: esta companhia carregando logo impetuosamente aquella força inimiga, a levou até seus intrincheiramentos, e voltou ao seu posto. 
Frustradas todas as esperanças ao inimigo, de poder retomar as posições do Covello, quiz tentar sua fortuna por outro ponto. Pelas 11 horas da manhãa do mesmo dia 10 sahiram quatro columnas do inimigo de seus intrincheiramentos, e a passo accelerado se dirigiram contra os postos avançados de Infanteria n.° 15, do commando do Tenente Coronel Celestino, que defendiam a posição de Lordello.

sábado, 17 de março de 2018

Outros Tempos...

Ornamentações no cruzamento da Estrada da Circunvalação com a Rua do Amial - 1964














Cruzamento da Rua Conde de Avranches com a Rua do Dr. António Bernardino de Almeida, envoltos em campos de cultivo. Ao fundo as traseiras do Hospital Escolar de S. João. 1961



terça-feira, 13 de março de 2018

Desporto

PORTUGAL-ITÁLIA, DISPUTADO HÁ 90 ANOS…no Campo do Ameal!

Foi o décimo quarto jogo da selecção nacional e o terceiro no campo do Ameal (Porto), e aquele que, no final da tarde de 15 de Abril de 1928 (domingo), deu uma enorme alegria aos portugueses com a retumbante vitória conquistada perante uma das mais fortes equipa europeias! Esta partida amigável foi de preparação com vista aos Jogos Olímpicos de Amesterdão, onde veio a actuar a equipa de todos nós (27 de Maio a 4 de Junho). Antes, porém, outros dois encontros já se tinham disputado naquele campo, em 24.01.1926, com a Checoslováquia (1-1) e com a Hungria, a 26.12.1926, que se saldou num novo empate (3-3).
Desta feita, o resultado final foi robusto e convincente, e logo por 4-1, com golos de Waldemar Mota (3, aos 20, 27 e 77 minutos) e Vítor Silva (57 minutos). O golo italiano foi obtido por Júlio Bibonatti, aos 38 minutos. A baliza dos italianos ainda tivera duas bolas nos postes. Presenciaram milhares de adeptos, vindos de todo o lado, com grande representação de Lisboa que chegou em comboio especial saído na véspera de Santa Apolónia às 23H30.
Neste jogo, que se iniciou às 15H28 (preciosidade relatada pelos jornais da época) e a segunda parte às 16H35, as selecções equiparam da seguinte forma: Portugal, camisola Vermelha e calção azul. Itália, camisola azul e calção branco…
Antes, porém, os capitães trocaram ramos de flores, o que era usual naquele tempo… A Itália escolhe o seu meio campo a favor do sol, mas contra o vento… Na primeira parte, aos 15 minutos, o português Vítor Silva na área de grande penalidade italiana é atingido com um soco na cara que o leva ao chão.
O Árbitro nada assinala mas o público invade o rectângulo em protesto e o jogo é interrompido, por breves momentos. O nosso jogador regressa, recomposto, cinco minutos depois… No final do jogo a multidão, eufórica e feliz, promovera muitas manifestações de regozijo quer dentro que fora do campo.
Entrevistado, o Árbitro do encontro, disse: “Os portugueses jogaram com muita energia, no entanto considero a técnica italiana superior. Acho que as bolas dos portugueses foram admiráveis de precisão, denotando uma sensível intuição de “association”. Os portugueses, que vejo jogar pela primeira vez, devem constituir muito em breve uma poderosa equipa internacional”.
Já o capitão italiano, Adolfo Baloncieri, expressou o seguinte: “O grupo português fez muitos progressos desde a jornada de Turim, tendo adquirido extraordinária velocidade. As bolas dos portugueses foram bem marcadas, mas devidas um pouco do nosso nervosismo e desorientação.”
Selecção Nacional em 1928
Recorde-se que foi a 17.04.1927 que a selecção portuguesa foi a Turim e perdeu por 1-3, com arbitragem do espanhol Luís Collina. Desta feita, após o jogo foi servido um banquete às duas equipas no Grande Hotel do Porto, com a presença de mais de cem convivas. No dia seguinte foi proporcionada uma visita ao Minho e à noite estiveram numa récita promovida pelos Bombeiros Voluntários do Porto. Os italianos regressaram a casa na terça-feira.






CURIOSIDADES:
1 - Na véspera do encontro o jornalista foi recolher a opinião dos jogadores ao Hotel e logo na sala de fumar, enquanto jogavam à bisca milanesa…
2 - Anúncio publicado imediatamente a seguir ao relato do jogo: “Todos os bons sportsmen devem usar antes e depois dos seus exercícios a EMBROCAÇÃO SPORT, preparação da Farmácia Figueiredo, do Porto”.
3 – A delegação do Diário de Notícias, do Porto, transmitiu as incidências do despique pelos placards colocados nas principais cidades do norte, assim como em Lisboa, no Parque Eduardo VII, onde estiveram milhares de pessoas a assistirem.
O placard consistia num painel de grande dimensões colocado num sítio alto, onde aparecia o desenho do campo e da bola, com esta a movimentar-se sempre que assim se verificava.
Os jornais consultados para esta reportagem, foram: Diário de Notícias, edição 22.348 e 49, de 15 e 16.04.1928 (64º ano) e custava a unidade 30 cêntimos. Jornal de Notícias, edição 89 e 90, de 15 e 17.04.1928 (custo 20 cêntimos). Todos eles visados pela Comissão de Censura.
As fotos foram obtidas, com a devida vénia, de FLICKR/Galeria de Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian. As imagens dos jogadores foram recolhidas da “Colecção Internacionais da Bola de Todos os Tempos”, da Agência Portuguesa de Revistas. O desafio foi dirigido pelo belga Henry Christophe (n. 23.07.19984 e faleceu em 17.06.1968), que haveria de estar nos Jogos Olímpicos e no I Campeonato Mundial de Futebol 1930-Uruguai.
"Alberto Helder"

Figuras Públicas

EM MEMÓRIA DE QUEM NASCEU, VIVEU E/OU MORREU EM PARANHOS.
FIGURAS PÚBLICAS DE PARANHOS

Tomás Pinto Brandão - Poeta

Nasceu em 12 de Março de 1664, na Aldeia do Couto, em PARANHOS, Porto, falecendo em 1743.
Diz Camilo no Cancioneiro Alegre que «era o coronel, o pontífice dos poetas biltres do século XVIII». Acrescenta que «rivalizou com o brasileiro Gregório de Matos no calão de bordel. As suas poesias honestas são más; as fesceninas avantajam-se em graça às de Bocage. No tempo de Tomás Pinto, e do Camões do Rossio, do Lobo e de Frei Simão António de Santa Catarina, cinzelavam-se os rendilhados de uma poesia obscena com buril delicado."
Partiu para o Brasil na companhia do poeta e amigo Gregório de Matos e aí, devido à sua irreverência em matéria de religião, foi preso. Condenado ao degredo em Angola, apaixonou-se pela sobrinha de uma rainha africana. Mais tarde casou, mas foi vítima de um processo movido pela sogra, situação que utilizou de forma satírica para escrever um soneto no mais puro estilo barroco. O seu regresso a Portugal ficou marcado por uma nova condenação e prisão. Conseguiu livrar-se dessa situação graças ao apoio de alguns fidalgos que apreciavam as suas sátiras. Na sua autobiografia burlesca em verso, Vida e Morte de Tomás Pinto Brandão, Escrita por Ele Mesmo Semivivo, relata os pormenores das suas aventuras pelo Brasil e por África, ao mesmo tempo que dá uma imagem curiosa e interessante do Portugal da época. Publicou também uma recolha da sua poesia satírica, O Pinto Renascido Empenado e Desempenado - Primeiro Voo (1732), em que está incluído um romance em verso sobre Dom Quixote.

Foi um dos maiores críticos de Bartolomeu Lourenço de Gusmão, tendo sido ele quem alcunhou de Passarola o projeto fantasioso de um navio voador divulgado em princípios de 1709 por Gusmão e Joaquim Francisco de Sá Almeida e Menezes

Obras: Prática de três cabeças em três discursos (1729), Descrição da Ponte de Belém (1729), Descrição de Mafra e Função real na sagração do convento de Mafra (1730), A quatro sevandijas (1731) e O Pinto Renascido, empenado e desempenado - primeiro voo (1732).

DÉCIMAS

Senhoras, eu ‘stou picado;
Tenham Vossas Excelências
todas quantas paciências
eu tive no seu chamado;
cuidei que por achacado,
doídas da minha tosse
a meter-me-iam na posse
de uma merenda afamada,
e que achava quando nada
cinco condessas de doce.

Não me enganei, porque alfim
todas vinham cheias grátis
de vanitas vanitatis,
que isto é fofa em latim.
Tomara eu para mim,
por bem ganhada fazenda,
quanta folhage’ estupenda
traziam nas suas rodas,
mas com tal donaire todas
que puxam por muita renda.

Oh! quem pudera cantar
(para bem me vingar dela)
uma que à sua janela
mil vezes vejo Assumar!
Mas obriga-me a calar.
Outra da mesma feição
que é capaz, e com razão,
de prantar-me no focinho,
que farto de S. Martinho
tenho sede a S. João.

Outra branca em demasia
não era tão confiada,
posto que estava enfiada
talvez do que não queria:
mas na flor, na louçania,
na suavidade e na cor,
podia largar o amor
por ela redes e barcos,
porque debaixo dos Arcos
não vi semelhante flor.

Outra tesa de pescoço
me chamou, por embeleco,
magro, quando não sou seco:
velho, quando sou seu moço;
desdentado, quando eu posso
morder (como bem se prova
no estilo da minha trova).
Mas, se a chamar nomes vai,
ouça novas de seu pai,
folgará de Ouvi-la nova.

Outra prezada de prosa,
e em tudo perliquiteta,
bem mostra no ser discreta
quanto seria formosa:
por criar sangue, teimosa
comigo esteve a intender,
e a picar; mas a meu ver
creio que escusava tal;
Pois de sangue em Portugal
veias tem como é mister.

Uma hora de ajoelhar
me tiveram posto ali;
mas se faltaram a si,
eu a mim não sei faltar;
que não quero arrebentar
disso que vim embuchado,
pois sem comer um bocado
por tão vergonhoso meio,
não deixei de vir bem cheio,
porque sal muito inchado.

Enfim, se neste tratado
alguma tenho ofendido,
já me prostro arrependido
de ser tão arrazoado:
já tenho desabafado;
já disse tudo o que quis;
porém neste, enquanto diz
a musa praguejadora,
que qualquer é mui senhora
do seu doce, e seu nariz.