(transcrição, na íntegra, das páginas alusivas à nossa Freguesia)
Tomada da posição, e Forte do Covello pelos Liberais em 9 d'Abril — Defeza do mesmo no dia 10.

Senhores, os Liberaes, das posições de Lordello, Pinhal, Pasteleiro, Luz, e Antas, restava-lhe a do Cowello; esta posição que dominava toda a linha dos Liberaes, desde a Agua-ardente até ao Serio, supposto que ao alcance das baterias do Monte Pedral, S. Braz, e Quinta dos Congregados, com tudo ella - não só podia proteger qualquer tentativa do inimigo pela garganta do Lindo Valle; mas estando em poder dos Liberaes, podiam estes causar muito damno no acampamento, e linhas do inimigo, construidas nas planícies de Paranhos. A altura do Covello estava occupada por uma força Miguelina, composta dos Regimentos n.° 12, e 13 de Infanteria, um de Milicias, e um Batalhão de Voluntarios Realengos: o inimigo depois da derrota que sofreu no dia 24 de Março, ficou em expecta ção, e só passados 15 dias appareceu, tentando fortificar aquella altura, de uma maneira impenetrave[: então S. M. I. o enou que, as tropas Liberaes de salojando o inimigo, occupassem aquella posição. Na tarde do dia 9 d'Abril, uma força de 600 homens, commandados pelo Coronel Pacheco, com posta de Caçadores n.° 12, e de Infanteria n.° 3, 9, e 10, dividida em duas columnas; a 1.° composta dos n.° 9, e 12 de Caçadores, achava-se formada na Cruz da Regateira, e a 2.° composta dos n.° 3, e 10, es tava formada na estrada do Serio; eram seis horas da tarde, S. M. 1., que na forma do seu costume, se achava presente, mandou que o inimigo fosse atacado; então o Coronel Pacheco fez avançar a passo accelerado a 1.° columna; dirigindo-se o 12 de Caçadores sobre a esquerda do alto do Covello, e o 9.° de Infanteria sobre a casa da Nora, aonde estava collocado um forte piquete do inimigo: ao mesmo tempo a 2.° columna se pôz em movimento, avançando parte do 10.° de Infanteria sobre a direita da mesma altura, e o 3.° de Infanteria sobre o monte da Secca, e o resto do 10.° marchava em reserva ao ataque da frente.
A boa ordem, celeridade, e valentia com que a tropa Liberal de repente cahio sobre o inimigo, que não esperava similhante, e atrevido ataque áquella hora, se deveu o ficarem os Liberaes em poucos minutos senhores do monte do Covello, que as tropas do usurpador vergonhosamente abandonaram, deixando alli todo o material, com que tentavam completar as fortificações já começadas; estas foram immediatamente destruidas, e os materiaes empregados na construcção do reducto, contra a parte opposta; cuja obra n'essa mesma noite ficou adiantada, pela direcção e assiduo trabalho do Coronel de Artilheria, Costa, e pelo auxilio que voluntariamente prestaram os Voluntarios Provisorios de Santa Catharina.
Ao mesmo tempo que as columnas avançavam ao Covello, foi o inimigo chamado á attenção na esquerda, e direita, por um tiroteio em que foram engajados os Voluntarios da Rainha, e Caçadores n.° 5, que fizeram o seu dever. O inimigo, durante a noite, tentou retomar a posição, que havia perdido, dirigindo um ataque sobre o monte da Secca; (immediato ao Covello) este ponto achava-se defendido por um destacamento do Regimento n.° 3, o qual sendo reforçado por uma companhia da Brigada Real da Marinha, valorosa mente sustentaram a posição, e pozeram o inimigo, em completa debandada. - •
Pelas 4 horas da manhãa do dia 10, tendo cessado o tiroteio da parte do inimigo, as tropas Liberaes se retiraram a descanço, ficando o reducto do Covello guarnecido por 3 companhias do n.° 10, e por mais 100 homens de Caçadores n.° 12, e de Infanteria n.º 9, que ficaram occupando as casas de molidas sobre a direita do mesmo monte.
Frustradas todas as esperanças ao inimigo, de poder retomar as posições do Covello, quiz tentar sua fortuna por outro ponto. Pelas 11 horas da manhãa do mesmo dia 10 sahiram quatro columnas do inimigo de seus intrincheiramentos, e a passo accelerado se dirigiram contra os postos avançados de Infanteria n.° 15, do commando do Tenente Coronel Celestino, que defendiam a posição de Lordello.
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