Paróquia do Amial
A Implantação dos Franciscanos Capuchinhos no
Porto: Histórico e Actuação Pastoral
A chegada dos Franciscanos Capuchinhos a Portugal
ocorreu por volta de 1932, com a sua instalação inicial nas localidades de
Serpa, seguida por Beja, Barcelos, Ponte de Lima e, posteriormente, Fafe. Em
1939, manifestaram a intenção de estabelecer-se na cidade do Porto. Para esse
fim, adquiriram um terreno na Rua António Cândido, nas proximidades da igreja
da Senhora da Conceição, na zona do Marquês, que se encontrava em construção.
Contudo, devido à oposição do pároco local, os religiosos desistiram do
empreendimento e perderam o sinal já pago pela compra do terreno.
Em alternativa, solicitaram ao bispo do Porto
autorização para exercerem o ministério na igreja de São José das Taipas,
também conhecida como Capela das Almas, localizada na Cordoaria. O bispo
deferiu o pedido e concedeu-lhes, como esmola, a quantia de um conto de réis.
Foi nessa igreja que os Capuchinhos iniciaram o seu ministério sacerdotal. À
época, os dois sacerdotes responsáveis pela igreja residiam em divisões
situadas no rés-do-chão de uma casa próxima ao templo.
Posteriormente, os Capuchinhos adquiriram a
Quinta e a Casa do Tronco, situadas na freguesia de Paranhos, na zona do Amial,
junto à Estrada da Circunvalação. O imóvel pertencia à família Pinto Leite e
foi adquirido em 8 de Março de 1941, pelo valor de 290 contos de réis, a serem
pagos em prestações ao longo de três anos.
O nome "Tronco" remete a um evento
histórico: no local existia um tronco de madeira utilizado para prender cavalos
enquanto estes eram ferrados. Tais cavalos puxavam carroças e diligências no
trajecto entre Coimbra e Braga. Aproveitava-se a parada no "Tronco"
para alimentar e dar água aos animais. A toponímia local preserva essa memória
histórica, estando representada na Rua do Tronco, na Rua Nova do Tronco e em
trechos da Rua do Amial e da Circunvalação.
A Quinta do Tronco consistia num solar com
jardins e uma pequena capela dedicada à Imaculada Conceição. A imagem do século
XVIII, ainda preservada na actual capela do convento, permanece como testemunho
dessa devoção. Antes da chegada dos Capuchinhos, o espaço era comumente
utilizado por sacerdotes da diocese do Porto para retiros espirituais, dada a
tranquilidade do local, propícia ao recolhimento e à oração.
Com a aquisição da Casa e Quinta do Tronco, os
Capuchinhos encerraram as actividades na casa de Fafe, onde residiam os
seminaristas. No dia 10 de Outubro de 1941, vinte e dois alunos do Seminário
Capuchinho foram transferidos para a nova casa.
O convento passou a abrigar seis sacerdotes —
todos de nacionalidade estrangeira — e dois irmãos auxiliares, sendo os
primeiros os responsáveis pela formação dos seminaristas. Com o tempo,
juntaram-se à comunidade padres capuchinhos brasileiros e espanhóis. As
celebrações litúrgicas ocorriam, inicialmente, na antiga capela da quinta.
Posteriormente construiu-se um salão para eventos que, por oferecer maior
espaço, foi adaptado para funcionar como capela.
Dado o aumento significativo do número de fiéis,
em 1952 surgiu a necessidade de construir uma nova igreja. A 14 de agosto de
1954, a primeira pedra foi solenemente benzida pelo bispo do Porto, D. António
Ferreira Gomes, na presença de autoridades civis e militares. A nova igreja,
dedicada à Imaculada Conceição, foi inaugurada em 7 de Dezembro de 1958, com a
cerimónia presidida pelo mesmo bispo.
O projecto da cripta e da igreja do Amial foi
idealizado e animado pelo Engenheiro Fernando Borges de Avelar. A entrada
principal, com escadaria em granito e rampas laterais revestidas em calçada
portuguesa, confere elegância e segurança ao acesso, incluindo uma rampa
adaptada para pessoas com mobilidade reduzida.
A imagem da Imaculada Conceição, colocada em um
nicho por detrás do altar-mor, é de autoria do renomado escultor português José
Ferreira Thedim, e mede dois metros e quarenta centímetros de altura.
Foi nesta igreja que se realizou a sagração do
primeiro bispo capuchinho português, D. Francisco da Mata Mourisca, actualmente
bispo da Diocese de Uíje, em Angola. Em 1966 foi inaugurado o novo convento da
Casa do Tronco, com a finalidade de acolher os estudantes capuchinhos dos
cursos de Filosofia e Teologia.
Desde 1974, os Franciscanos Capuchinhos assumiram
a função de párocos da paróquia do Amial. A partir de 1980, a igreja tornou-se
oficialmente a sede paroquial, sob o título de Nossa Senhora do Amial.
A actuação pastoral dos Franciscanos Capuchinhos
do Porto caracteriza-se por uma ampla dedicação à evangelização dos fiéis, à
pregação das missões populares, ao apostolado bíblico, ao ministério da
confissão, à catequese de crianças e adultos, à assistência hospitalar nos
hospitais de Santa Maria e de Oncologia, ao apoio a mães solteiras e à
reintegração de toxicodependentes. Também se destacam na assistência a idosos,
tendo, para esse fim, fundado o Centro Paroquial da Terceira Idade.

PROCISSÃO DO ENCONTRO
23 de Março 2018 - 21H30
O Senhor dos Passos sairá da Capela da Senhora da Saúde no Campo Lindo, seguirá pela Rua do Campo Lindo, depois vira à direita pela a Rua do Vale Formoso até à Rua Prof. Joaquim Bastos. Entretanto, o andor da Senhora da Soledade sai da Capela da Beata Maria Droste, Casa das Irmãs do Bom Pastor, na mesma Rua do Vale Formoso e vem encontrar-se com o Senhor dos Passos na Rua Joaquim Bastos, onde será o Sermão do Encontro e o Cântico da "Verónica". Depois os dois cortejos seguem juntos pela Rua Costa e Almeida até à Capela, no Campo Lindo.
A PROCISSÃO
Uma celebração litúrgica de muita piedade, que o povo católico muito aprecia durante a Semana Santa, é a Procissão do Encontro, um momento que marca o encontro da Virgem Maria com Seu Filho Divino, carregando a cruz no caminho do Calvário, pelas ruas de Jerusalém, depois de ser flagelado, coroado de espinhos e condenado à morte por Pilatos.
EM OUTROS TEMPOS...
Durante décadas num local próximo da Capela de Nossa Senhora da Saúde e junto a um palanque, tinha lugar a Procissão do Encontro, na qual, se encontravam, vindos de lados opostos o andor do Senhor dos Passos e o de Nossa Senhora das Dores, iniciando aí o pregador, no denominado “Encontro”, o sermão, findo o qual se dirigiam ambos para a igreja paroquial.
Ficou famoso nos sermões o abade de Gondalães.Ainda hoje existe uma Rua do Encontro na freguesia, ao lado da capela que era conhecida por Capela do Encontro até fins do século XIX.
Naquela procissão as crianças, filhas dos lavradores mais abastados da terra, transformadas em anjos, disputavam entre si a posse de mais ouro ostentando-o em diversos adereços, cujo peso era suportado com a oferta às mesmas, de cavacas de Paranhos.
Foto de Jornal : “Jornal do Porto” em 1872
FESTAS DE PARANHOS - 1952
Resenha histórica da Capela de Nossa Senhora da Saúde
A Capela de Nossa Senhora da Saúde, também conhecida por Capela do Campo Lindo por estar situada no lugar do mesmo nome, edificada no ano de 1864. Inicialmente construída de madeira e somente quando passados sete anos é que lhe foi atribuída a fachada actual. Desde a sua abertura a devoção fazia-se a Nossa Senhora da Soledade até 1873. Nesse mesmo ano passou o seu oratório para o Senhor dos Passos. Em 1879 já era mais conhecida por Capela do Encontro (nome atribuído devido à realização regular do sermão do Encontro), até que no século XIX tomou o nome de Capela de Nossa Senhora da Saúde ou do Campo Lindo. Foi graças à intervenção do Ver.º António Gomes Ferreira solicitando esmolas aos paroquianos que foi possível a construção da capela dedicada à padroeira anteriormente referida, no Largo do Campo Lindo ou Aldeia Nova do Monte. A imagem da Senhora da Soledade fora oferecida, em 1864, por Manuel Alves de Oliveira Paranhos, do Lugar do Casal desta freguesia residente na Rua do Sol da cidade do Porto. Além desta oferta, esta capela teve ainda em 1874, a imagem do Senhor –Mortom, cujo doador foi o Senhor António Rodrigues de Barros Freire, por intermédio de seu pai Jerónimo de Barros Freire. É possível ser vista no altar desta capela a imagem do Senhor dos Passos, ao lado da Epístola a de Nossa Senhora da Saúde, e do lado do Evangelho a de Nossa Senhora da Soledade. Em Agosto de 1887 foi requerida licença para festejar a imagem de Nossa Senhora da Saúde sendo aprovada e ainda hoje considerada uma grande romaria. Desde que separaram a parte profana da religiosa, substituíram o antigo titulo por «Festas de Paranhos».
In “O Jornal Lusitano: Pelo Povo Lusitano”
As Festas na Freguesia de Paranhos
O
Dr. Germano Rodrigues (Dig.º Presidente da Junta e impulsionador das Festas de
Paranhos) no programa de 1952 proferiu algumas palavras sobre a Freguesia de
Paranhos:
“Este recanto que outrora foi um pequeno
aglomerado de pastores e camponeses, tornou-se em oito séculos, numa freguesia
que honram a cidade do Porto. Assim nesses tempos começou a luta pela vida, abrindo.se
sulcos na terra fértil em pasto, e onde a água cristalina dos ribeiros vinha
refrescar o solo abençoado.
Quantas gerações passaram através do tempo lutando
com o esforço do seu trabalho para vir a constituir esta prole tão numerosa de
honrados lavradores, força de elite que sempre souberam valorizara terra que
lhes foi berço e lhes dava o pão sagrado de cada dia para si e para o seu
semelhante.
Quantas lágrimas e alegrias de trabalho árduo com ferramentas
primitivas, que custavam a arrotear a terra, para levar a cabo com o orgulho a
sua tarefa difícil (…)
A freguesia de Paranhos é hoje uma vasta área de
actividades comerciais e industriais possuindo dentro dela o majestoso e imponente
edifício do futuro Hospital da Cidade, possuindo também quatro grandes bairros
de casas económicas, bem tratados, e onde se aglomera uma grande família de
trabalhadores que são: Bairro do Ameal, Bairro da Azenhas, Bairro de Paranhos e
Bairro Manuel Laranjeira. Dela faz parte o frondoso jardim denominado Praça 9
de Abril (Antiga Arca d’água), sem dúvida o melhor local e jardim da cidade do
Porto, ponto de recreio das pessoas que gostam de sossego.
Foi nesta freguesia que se
desenvolveu o Futebol Clube do Porto, Sport Comércio e Salgueiros, Sport
Progresso, Sporting Club da Cruz e muitas outras agremiações desportivas,
dezenas de grupos recreativos e excursionistas.
Está
dotada de uma nova urbanização, com largas avenidas e bonitos prédios belamente
ajardinados, um grande número de fábricas de curtumes, tecidos e malhas, as
quais todas têm contribuído para o engrandecimento da nossa querida freguesia,
e onde emprega a sua actividade uma numerosa família de trabalhadores.
Contribuindo para a maior riqueza da Cidade e da Nação. O seu comércio local
rivaliza, dia a dia com o do centro da cidade, apresentando nas montras dos
seus estabelecimentos os artigos artisticamente expostos, o que bem demonstra o
seu desenvolvimento.”
In “O Jornal Lusitano: Pelo Povo Lusitano”
Festas de Paranhos – 1958
Na terra de Nossa Senhora da Saúde
Não
há terra portuguesa que não tenha uma capela consagrada a Nossa Senhora. A
Virgem aparece sob todas as designações – Senhora da Agonia, Senhora da
Boa-Hora, Senhora da Boa-Morte, Senhora daa Saúde, e outras. No Porto,
nomeadamente na Ribeira, celebravam-se cerimónias religiosas e festivas à
Senhora do Ó. Estas festas, meias religiosas, meias pagãs davam conforto e
alegria ao povo.
A
igreja de Nossa Senhora da Saúde, em Paranhos, é uma capela de grande devoção.
De nome todo o Porto conhece. Celebram-se grandes e majestosas festas. Com o
tempo, as festividades decaíram e passou a rezar-se a cantar-se somente. Foi
neste sentido que um grupo de bairristas decidiu organizar uma Comissão de
forma a recuperar a tradição. Em poucos anos, a festa da Nossa Senhora da Saúde
tornaram-se as mais famosas e as mais conhecidas do Distrito do Porto. Esta
festa detém o condão de atrair milhares de forasteiros, graças ao diversificado
programa da mesma, contribuindo, deste modo, para os bons negócios e progressos
da freguesia. Segundo Juliano Ribeiro, Paranhos “é um centro urbano, colocado
no coração do Porto, bem servido por todos os meios de locomoção”. O
fogo-de-artifício, as mais variadas bandas, a típica feira, as barracas de
comes e bebes, as diversões, é um cartaz que ninguém tem tendência a dispensar.
No entanto, pode afirmar-se que a fé não se perde. Entre-se na capela e
depare-se com todas as pessoas dando graças pelos doentes regressados à vida,
as esmolas, as velas acesas, as sanefas de seda. É a fé que está por detrás da
realização destes milagres.
Segundo
Juliano Ribeiro, Paranhos dá um bom exemplo ao Porto. Visto que há já outras
freguesias que lhe quer seguir os passos como é o caso de Bonfim. Ainda segundo este autor, “nos dias e noites
das festas de Nossa Senhora da Saúde, somos dos que não faltamos”. Acrescenta
ainda que “ali há vida, dinamismo, cor, uma procissão maravilhosa pela
singeleza – e, velando por todos como Mãe reconhecida, Nossa Senhora da Saúde”.
Convento do Bom Pastor
Convento das Irmãs do Bom Pastor ou Recolhimento do Bom Pastor, é um convento da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor que se localiza na Rua de Vale Formoso, freguesia de Paranhos, na cidade e distrito do Porto, em Portugal.
Neste convento viveu e morreu com fama de santidade a Irmã Maria do Divino Coração, condessa Droste zu Vischering, que foi nomeada Madre Superiora da comunidade de religiosas e se tornou bastante conhecida por ter influenciado o Papa Leão XIII a efectuar a consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Posteriormente, no ano de 1964, ela foi proclamada Venerável pela Igreja Católica e foi depois beatificada no dia 1 de Novembro de 1975 pelo Papa Paulo VI.
Este convento tornou-se num importante local de peregrinação por parte dos cristãos que procuram aprofundar a sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus por meio da vida e obra da Irmã Maria do Divino Coração. Possui duas capelas para culto público e um museu com inúmeras relíquias da Bem-aventurada.
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