Património Arquitectónico

CINE-TEATRO VALE FORMOSO: Para quando a sua recuperação?


O projeto para o Cine-Teatro foi, primeiramente, comissionado por Arnaldo Caldeira Pato, sócio da Empresa Cinematográfica Vale Formoso, em 1945, passando para as mãos de Alberto Simões Carneiro, sócio da mesma empresa, no ano seguinte.
Este deu continuidade ao projecto, no terreno cedido previamente por Arnaldo Caldeira Pato, com pequenas alterações, como veremos a seguir. O arquitecto Francisco Fernandes da Silva Granja, numa altura em que mantinha atelier com o arquitecto Carlos Neves, foi o responsável pela execução do trabalho, ainda que, até esta data de 1946, os desenhos estejam assinados pelos dois arquitectos.
O projecto definitivo data de 1948, ano do início da construção, já com alterações mais substanciais em relação às fases anteriores.
O Cine-Teatro de Vale Formoso funcionou com uma das principais salas de espectáculo da cidade do Porto, entre as décadas de 50 e 70. A partir daí, como aconteceu com a maior parte dos cinemas e cineteatros, nas grandes cidades, entrou num período de declínio e acabou por fechar portas, no início da década de 90.
Em 1993, a Empresa Cinematográfica Vale Formoso alugou o espaço à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), para a realização de cerimónias e culto religioso  depois da tentativa infrutífera de aquisição do Coliseu do Porto. Até 2010, este cinema foi utilizado como o santuário da IURD, mas acabou por fechar portas quando a mesma mudou-se para a sua nova catedral na Rua Serpa Pinto.O edifício mantém a plateia de 900 lugares, mas sofreu alterações nomeadamente um novo palco feito em mármore. 

Em Fevereiro de 2022 é considerado como um imóvel de interesse municipal: "o Cine-Teatro Vale Formoso e o grupo de moradias adjacente, localizados na freguesia de Paranhos,  “representa para o Município do Porto um valor cultural de significado relevante, uma vez que se configura através da sua escala, da sua linguagem moderna e conteúdos programáticos, como um dos equipamentos urbanos de proximidade de maior notabilidade social, enquanto exemplar do cinema de bairro promovido na época do Estado Novo.
A classificação deste conjunto, delimitado pela Rua de S. Dinis, 896 a 944, Rua do Capitão Pombeiro, 217, e Rua de Cunha Júnior, “representa uma mais-valia, enquanto testemunho que ilustra os conceitos socioculturais e políticos da década de 40 do século XX português que, ultrapassando a escala de cinema de bairro, adquiriu presença na memória colectiva portuense. A presente aprovação de classificação tem, assim, plena justificação fundamentada na sua autenticidade e exemplaridade, de artefacto arquitectónico de época que mantém a sua matriz projetual, e pela memória colectiva que transporta nas suas volumetrias”, acrescenta o documento."


Programa Cinema Vale Formoso 1950
Apresentando a comédia Festa na Aldeia de Jacques Tati, o charlot do cinema europeu
1 Prémio do melhor argumento na bienal de Veneza
Desdobrável 4 pgs.



Histórias que pode ler sobre o Cine-Teatro Vale Formoso :
https://amateriadotempo.blogspot.com/2007/03/merce-cunningham-e-john-cage.html





As alterações feitas ao espaço passaram pelo fecho do fosso de orquestra, para a colocação do altar, e adaptações na zona do palco, com a construção de uma nova laje de teto e parede que subdivide o palco. Entretanto, a IURD construiu um novo templo e, desde o início deste século, o cineteatro foi deixado ao abandono.




Nos dias de hoje, e após a tomada de posição ca CMP, ao considerar este imóvel de interesse Municipal, apenas se pode levantar uma questão! Para quando a reabilitação deste espaço ocupando o lugar que lhe é devido, servir a cultura da cidade, quando tantos e tantos grupos de teatro profissional e amador continuam sem uma "casa" para trabalhar e apresentar os seus projectos?








Colégio Luso – Francês

O colégio foi instalado no ano de 1936, na Rua do Amial, nº 442, pelas Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, numa casa rural de influência arquitectónica da casa portuguesa sugerida pelo arquitecto Raul Lino. Ao longo dos anos o mesmo colégio foi progressivamente aumentando e melhoradas as suas instalações, de acordo com o aumento da população escolar e com as necessidades educativas. Durante a pesquisa bibliográfica, procurou-se conhecer mais dados sobre as construções realizadas durante a época em questão. No Arquivo Municipal do Porto – Casa do Infante, identificou-se um pedido de licença de obras no ano de 1924, do proprietário de então Augusto da Silva Castro. Numa das fotos do Edifício (1920) lê-se Vila Arca D'Água, possivelmente o seu primeiro nome.


Em 2 de Setembro de 1936 é solicitada autorização para construção de um pavilhão para sala de aulas.
O edifício está considerado, no Plano Director Municipal como um imóvel de interesse patrimonial.


         



Clarabóias 

As clarabóias são um elemento típico da cobertura da Casa Burguesa do século XIX. Estas apresentam-se sob vários tipos, sendo alguns deles de efeito grandioso e que dão aos edifícios, cujos telhados coroam, magnificência arquitectural. Eram e são colocadas com o objectivo principal de trazer luz natural aos edifícios. Sendo colocadas, sobretudo, sobre as caixas de escadas. Têm, no entanto, outras finalidades como permitir a ventilação de caixas de escadas, salões e sótãos.  

Podem existir dois tipos de clarabóias, as planas e as cilíndricas ou elípticas. Nos telhados do Porto, o tipo de clarabóia mais comum, é o da clarabóia circular ou elíptica, em forma de cúpula de vidro apoiada numa base cónica. Como tal, o estudo vai incidir especialmente sobre este tipo de clarabóias, como sendo esta a clarabóia tipo. No entanto o princípio construtivo de qualquer clarabóia é sensivelmente o mesmo. As clarabóias cilíndricas ou elípticas são as que apresentam uma estrutura mais elaborada.  

Rua de Costa Cabral
Clarabóia complexa de estrutura tridimensional
(poderia ter catavento dentro do circulo superior)



Rua de Antero Quental
Rua Costa e Almeida
Rua do Vale Formoso
Rua da Igreja de Paranhos
Fotografias: José Leitão





11 de Fevereiro de 1959

Inauguração do Bairro do Carvalhido que vai alojar alguns portuenses que habitavam nas chamadas ilhas.
É constituído por 264 fogos, distribuídos por 14 blocos.
Actualmente, residem neste Bairro cerca de 610 pessoas.




BAIRRO DO CARRIÇAL 1959-2009


O Bairro do Carriçal, situado na Freguesia de Paranhos, foi construído em 1959/60, inaugurado no dia 29 de Outubro de 1961, e requalificado em 2009.
É constituído por 258 fogos, (40 T1, 88 T2, 109 T3 e 21 T4),distribuídos por 11 blocos.

Actualmente, residem neste Bairro cerca de 573 pessoas.



1959
1959
1959

1961
1961-Inauguração
1961-Inauguração
1961-Inauguração
1962
1962
1962
1962


2009
                                 2009


A construção do Hospital de S. João e a mudança da Faculdade

A inauguração do Hospital de S. João pelo chefe de Estado, Almirante Américo Tomás, teve lugar a 24 de Junho de 1959. Era Ministro da Educação o Prof. Leite Pinto que na sessão pública desenvolveu um tema adequado à circunstância: «A Medicina e o homem total». É um hospital escolar e nele está instalada a Faculdade de Medicina. Até àquela data a Faculdade pudera dispor de algumas enfermarias do Hospital de Santo António, pertença da Santa Casa da Misericórdia. Agora muda-se para a Asprela, o chamado pólo 2. Do evento se cunhou uma medalha comemorativa que tem, no anverso, o patrono, S. João, a sustentar na mão direita o majestoso edifício. No reverso, a figura sentada simboliza a ciência, cuja mão esquerda segura vários pergaminhos, enquanto na direita, ergue a lâmpada para maior difusão da luz – luz que esclarece aqueles que, elevando-se pelo estudo, dignificam e honram a sua profissão. A traça do edifício deve-se ao arquitecto alemão Hermann Distel, considerado especialista em construções hospitalares. Era da sua autoria a Clínica Universitária de Berlim. A nova construção representa um avanço no que respeita às condições de conforto de doente, das condições de assistência, equipamento, ensino e investigação. Aí fica sediada, em vários pisos, a Faculdade de Medicina, ou seja, uma unidade escolar, dependente do Ministério da Educação, incrustada numa unidade hospitalar, dependente do Ministério da Saúde – situação híbrida da qual brotam periodicamente algumas fricções. A Faculdade de Medicina, mercê da introdução do «numerus clausus», tem uma frequência reduzida, se se tiver em conta o número de docentes. O corpo professoral desta escola, altamente preparado, tem vindo a ser subaproveitado. Para tanto contribui a assistência, na mesma universidade, de outra escola que ministra licenciatura em Medicina. Em média, forma por ano 50 diplomados. A licenciatura adquire-se ao fim de 6 anos. Segue-se o chamado «internato geral», com a duração de 2 anos. 

Adaptado do livro do Prof. Doutor Cândido dos Santos

"História da Universidade do Porto - Raízes e Memória da Instituição."









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