sábado, 27 de maio de 2017

CONDE DE FERREIRA (1782-1866) De esclavagista a filantropo



Foi único Barão, Visconde e Conde de Ferreira Joaquim Ferreira dos Santos, que nasceu em Vila Meã (Douro) a 4 de Outubro de 1782 e morreu no Porto a 24 de Março de 1866. Nasce Português, vive londos anos como Brasileiro e morre como Português.

De origem modesta, filho de lavradores pouco abastados, foi destinado à vida eclesiástica, para o que estudou humanidades. Reconhecendo a sua pouca vocação para o estado clerical, dedicou-se à vida comercial, no Brasil e em África, com assinalado êxito, alcançando grande fortuna ao "comercializar" cerca de 10.000 escravos angolanos. Depois de ter sido decretada a abolição da escravatura no Brasil (1830), foi acusado de a perpetuar. "Indignado" com tal acusação decide fazer uma viagem pela Europa. Chega a Portugal em 1832, desembarcando em Lisboa. No final do Cerco do Porto fixa residência na cidade Invicta retomando a sua actividade comercial. Compra acções da Companhia das Lezírias e é um dos fundadores do Banco Comercial do Porto. 

Após algumas atribulações com os seus negócios e a vontade de voltar a obter a sua nacionalidade, no país do Cabralismo, vem a falecer com 84 anos deixando um testamento que o elevou à condição de benemérito.

Num país sem parque escolar polvilhou-o de escolas - 120 - em terras cabeças de concelho, criando um estilo arquitectónico próprio, no qual a casa do professor estava anexa a cada escola. Mandou construir e dotar o Hospital dos Alienados, que mais tarde adoptou o seu nome, equipamento que foi, sem dúvida, uma verdadeira escola de psiquiatria.
Soares dos Reis esculpiu a sua estátua, como agradecimento ao filantropo, e esta encontra-se no seu túmulo no cemitério de Agramonte.

1868
Início da construção do Hospital de Alienados do Conde de Ferreira, na Quinta da Cruz das Regateiras, situada na antiga estrada para Guimarães. A extensa propriedade, com 120.000 m2, com água em abundância e boa exposição higiénica, possibilitava a existência de jardins, prados e terrenos cultiváveis, considerados factores indispensáveis na terapêutica psiquiátrica.
O projecto, cuja arquitectura foi inspirada no Hospício Pedro II, inaugurado a 05 de Dezembro de 1852 no Rio de Janeiro (Brasil), é da autoria de Manuel d'Almeida Ribeiro, arquitecto e professor na Academia Portuguesa de Belas Artes.
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1883
Inauguração do Hospital de Alienados do Conde de Ferreira (24 de Março). 
António Maria de Sena foi convidado pela Misericórdia do Porto para o cargo de Director Clínico, oriundo da Faculdade de Medicina de Coimbra, onde se doutorou com a tese "Análise Espectral do Sangue" e com o trabalho intitulado "Delírio nas Moléstias Agudas", no concurso para professor daquela faculdade.
O Hospital é constituído por um vasto edifício que se desenvolve por quatro grandes alas e dois pavilhões envolvidos por jardins. Em anexo foi construído um pavilhão para observação médico-legal dos criminosos de ambos os sexos, assim como o laboratório. Como complemento existiam estruturas de apoio: oficinas, tipografia, lavandaria, rouparia, cozinha, entre outras. O Hospital era composto por 14 enfermarias, variáveis de acordo com a categoria social, o tipo e a fase da enfermidade dos doentes.

domingo, 30 de abril de 2017

A QUINTA DE LAMAS

Solar/Quinta está classificada como arquitectura civil, e situa-se no Lugar das Lamas, em Paranhos, O primeiro proprietário do solar, de que há registo, teria sido o visconde de Roriz que morreu em 1858 e, o último, a família Canavarro.





















Para uma informação mais precisa consulte os links abaixo ( uma pequena, mas importante contribuição de Aníbal Styliano Costa e Manuela Brás Costa, Separata do Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto - 1987/88)


http://arquivodigital.cm-porto.pt/ArquivoDigital/winlibimg.aspx?skey=&doc=494248&img=6810

http://arquivodigital.cm-porto.pt/flexpaper/flexpaper.aspx?skey=&doc=494248&img=6810

Nos dias de hoje, a Quinta de Lamas é ocupada por Parque inaugurado em 2015, da responsabilidade da Universidade do Porto "O novo parque verde já está aberto à população, conta com três hectares, 18 mil metros quadrados de área relvada, 700 árvores e arbustos, zonas de desporto informal e percursos cicláveis. O projecto de requalificação, coordenado por Paulo Farinha Marques (arquiteto paisagista e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) destaca-se pela larga alameda arborizada que faz a ligação visual e física entre a FEUP e FEP, pela grande clareira relvada e pelo "destapamento" da Ribeira da Asprela, que ali passava entubada e agora corre a céu aberto, com leito e margens naturalizados.  A empreitada, da responsabilidade da Universidade do Porto, representou um investimento de cerca de 1,1 milhões de euros, co-financiados em 750 mil euros pelo Banco Santander Totta. Seguir-se á uma segunda fase na construção da zona verde da Asprela, cujo lançamento foi formalizado hoje com a assinatura de um protocolo de colaboração. Em parceria, a Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto, a Câmara Municipal do Porto, a Águas do Porto e a Porto Lazer vão aliar esforços no sentido de alargar a área verde do Parque da Quinta de Lamas a um terreno contíguo, entre as ruas Roberto Frias e Dr. António Bernardino de Almeida." Fonte Câmara Municipal do Porto.


Vista aérea da zona rural de Paranhos, desde a Quinta de Lamas (das Viscondessas de Roriz, Norte), na Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, à Colónia Dr. Manuel Laranjeira (Sudoeste). Identificando-se, o Cemitério de Paranhos, o Bairro de Casas Económicas de Paranhos, na Rua Dr. Manuel Pereira da Silva; e a Quinta de Santo António, na Rua Dr. Júlio de Matos.
1939 - 1940


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Rua da Rainha agora de Antero de Quental



“A estrada de Braga, saindo da Porta do Olival, ia pelos Ferradores, Rua de Santo Ovídio, Campo de Santo Ovídio, ou Regeneração, e passando o monte da Lapa, atravessava o lugar que primeiro se chamou do Olho Vivo, denominação popular da capela que ainda lá existe e se chama, desde princípios deste século (XX), do Senhor do Socorro.
O chamadouro de Olho Vivo viria, dizem, de ser em tempo antigo, um ermo e costumarem os ladrões acoitar-se por detrás da ermida, para os seus assaltos. Por isso se recomendava “Olho Vivo” ao passar pelo Senhor.
rua de antero de quental
Este lugar que assim ia dar da Lapa ao Campo Lindo, chamou-se depois do Sério, não se sabe porquê, talvez alcunha de algum proprietário ou morador local. Figura o topónimo à data do cerco (1832-33), mas já então se encontra também o de Rua Nova da Rainha. Seria talvez esta a designação oficial, e aquele chamadouro popular.
Diz-nos Horácio Marçal, na sua bela monografia de Paranhos, que até 1875 “teve o antigo lugar do Sério a designação de Travessa do Campo Lindo; a seguir foi Rua da Rainha, e hoje, é Rua de Antero de Quental”. Com esse nome de Rua da Rainha a encontramos nas plantas de Mangeon e de 1902.


Supomos que a Rainha seria a Senhora D. Maria II, e portanto dataria a denominação da entrada das tropas liberais no Porto. Recebeu depois o nome de Rua de Antero de Quental. Não será necessário esclarecer os nossos leitores de quem foi Antero de Quental, o poeta máximo dos Sonetos – “Santo Antero” lhe chamavam os seus amigos e companheiros”. Cunha e Freitas em “O Primeiro de Janeiro”,  26 Maio de 1972.

Era nesta rua onde se encontrava o antigo campo de futebol da do F.C.Porto. O campo, relvado havia sido inaugurado em 6 de Dezembro de 1908 com um jogo em que o Porto venceu o Leixões por 6-3. Foi transferido em 4 de Novembro de 1912 para a Rua da Constituição onde ainda existe.




Em 1911 encontramos documentos no Arquivo Histórico de pedidos de licenciamento para construção na "Rua da Rainha".


Plano topográfico que compreende (...) todos os terrenos que medeiam entre os sítios das Águas Férreas, Carvalhido, Lugar do Regado, Estrada de Braga, Sério, Rua da Rainha e Igreja de Nossa Senhora da Lapa(...)
10 de Agosto de 1839



terça-feira, 2 de agosto de 2016

Azulejaria em Paranhos

Azulejaria Paranhense

Os azulejos são placas de barro ou louça vidradas em uma das faces, com uma única cor ou de desenhos variados, normalmente de forma quadrada ou rectangular, de várias dimensões e pouca espessura. A boa aderência das argamassas é facilitada quer pelo tardoz quer pelas juntas não se apresentarem vidradas. Estes que até ao século XIX foram sempre empregues no interior de edificações, passaram a ser utilizados como revestimento de fachadas. Já no séc XX é usado por arquitectos nos seus edifícios ou em espaços públicos como uma forma de arte. Isto acontece devido à influência de emigrantes retornados do Brasil. Os painéis de azulejos, muitas vezes, expressam a história e a cultura do país.







segunda-feira, 25 de julho de 2016

FESTAS DE PARANHOS - 1952

FESTAS DE PARANHOS - 1952

Resenha histórica da Capela de Nossa Senhora da Saúde

A Capela de Nossa Senhora da Saúde, também conhecida por Capela do Campo Lindo por estar situada no lugar do mesmo nome, edificada no ano de 1864. Inicialmente construída de madeira e somente quando passados sete anos é que lhe foi atribuída a fachada actual. Desde a sua abertura a devoção fazia-se a Nossa Senhora da Soledade até 1873. Nesse mesmo ano passou o seu oratório para o Senhor dos Passos. Em 1879 já era mais conhecida por Capela do Encontro (nome atribuído devido à realização regular do sermão do Encontro), até que no século XIX tomou o nome de Capela de Nossa Senhora da Saúde ou do Campo Lindo. Foi graças à intervenção do Ver.º António Gomes Ferreira solicitando esmolas aos paroquianos que foi possível a construção da capela dedicada à padroeira anteriormente referida, no Largo do Campo Lindo ou Aldeia Nova do Monte. A imagem da Senhora da Soledade fora oferecida, em 1864, por Manuel Alves de Oliveira Paranhos, do Lugar do Casal desta freguesia residente na Rua do Sol da cidade do Porto. Além desta oferta, esta capela teve ainda em 1874, a imagem do Senhor –Mortom, cujo doador foi o Senhor António Rodrigues de Barros Freire, por intermédio de seu pai Jerónimo de Barros Freire. É possível ser vista no altar desta capela a imagem do Senhor dos Passos, ao lado da Epístola a de Nossa Senhora da Saúde, e do lado do Evangelho a de Nossa Senhora da Soledade. Em Agosto de 1887 foi requerida licença para festejar a imagem de Nossa Senhora da Saúde sendo aprovada e ainda hoje considerada uma grande romaria. Desde que separaram a parte profana da religiosa, substituíram o antigo titulo por «Festas de Paranhos» o que não impede as pessoas de no mês de Agosto se dirigirem em massa a todos os cantos da cidade e arredores.